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Matéria publicada na "BSD em Revista" número 0, de junho de 2003

Olá pessoal, sejam bem-vindos ao que pretende ser uma coluna com artigos técnicos/administrativos apresentando uma visão um pouco mais gerencial/comercial sobre sistemas de código aberto. Pra começar vou contar uma experiência muito recente pela qual passei. A equipe do MyFreeBSD esteve no mês de março em uma apresentação do SPIN (Software Process Improvement Network - http://www.uniriotec.br/~spin-rio/) onde aconteceu uma palestra sobre “A Terceirização das Funções de TI”, com um ilustre convidado, o Sr. Sidney Dias da Silva, da Seguradora Aliança do Brasil, uma empresa de renome no mercado.

No decorrer da palestra o assunto foi muito bem abordado, com toda a visão corporativa e comercial necessária a uma grande empresa. Foram citados diversos casos da experiência do próprio palestrante e enfatizados os pontos mais importantes que uma empresa deve considerar para a terceirização de serviços de TI. Para ilustrar melhor o assunto creio que cabe sumarizá-los aqui:

Um ponto fundamental que não só foi visto ali, mas é um consenso atual no mercado, é de que as funções de TI diretamente ligadas ao negócio não devem ser terceirizadas, pois nelas residem o diferencial da empresa. Um exemplo seria uma empresa que tem como base de seu negócio um determinado produto de software:

o desenvolvimento deste produto não deveria ser terceirizado.

A partir da escolha do que pode ou não ser terceirizado, com toda a análise de riscos, custo/benefício, etc, a empresa então pode partir para a terceirização e para a escolha de seu fornecedor. A partir daí colocaram-se os diversos itens importantes na escolha do mesmo:

  • Qualidade

A qualidade é dos principais aspectos, tanto referindo-se à qualidade do fornecedor em si como da tecnologia adotada pelo fornecedor.

  • Custo

O custo é importante, mas sem qualidade não vale a pena.

  • Padrão de Mercado

Refere-se a tecnologia a ser utilizada. Uma empresa que terceirize TI não deve ser fã da tecnologia A ou B, mas deve aceitar apenas a contratação de uma tecnologia difundida a ponto de não se tornar dependente de um fornecedor.

  • Capacidade de Inovação

A empresa fornecedora deve ser analisada a fundo. Não foi comentado na palestra, mas a própria ISO 12207 já estabelece processos muito importantes que a maioria das empresas ignora ao contratar um fornecedor. Deve se verificar a capacidade da equipe técnica, o vínculo com a empresa, a capacidade de renovação da equipe e outros aspectos.

Obviamente a palestra, que durou cerca de uma hora e meia, englobou diversos outros tópicos e foi realmente bastante interessante, dando realmente uma visão real do que as empresas deveriam fazer ao pensar em terceirização. Ao final da palestra foi aberta uma sessão de perguntas onde uma única questão foi colocada: “Como se encaixa o open source dentro da visão apresentada”. Esta única pergunta tomou a meia hora reservada para dúvidas e se transformou num pequeno debate.

O Sr. Sidney apresentou sua visão ortodoxa e, em minha modesta opinião, sem conhecimento de causa ou no mínimo desatualizada. Ele descartou taxativamente a possibilidade de uso de sistemas abertos demonstrando e afirmando que jamais analisou a fundo tal possibilidade. Uma das principais colocações, ao meu ver, que o leva a isso é ainda a ilusão de que o produto não tem documentação e de que ele não encontrará fornecedores capazes de ajudá-lo a implementar a solução. No fundo há uma certa razão nisso e, há não muito tempo, isso era uma verdade. Um dos aspectos que ele talvez desconheça é a qualidade do produto open source, que tem em si uma mudança no paradigma de desenvolvimento de software. Vamos tentar então comentar cada um dos itens abordados na resposta:

  • Qualidade

A qualidade do produto aberto é e sempre foi muito boa. Claro que no meio de um desenvolvimento desenfreado de produtos acha-se muita porcaria, mas os produtos livres que se consolidam contam com um processo de desenvolvimento que jamais uma empresa ou corporação sozinha conseguirá. Quantos desenvolvedores estão envolvidos direta e indiretamente na produção de softwares como o FreeBSD, o Linux, o Apache e tantos outros? Nenhuma empresa tem condição de testar os produtos e ter equipes tão grandes corrigindo seus sistemas e isso traz uma qualidade que o paradigma de desenvolvimento usual, comercial, não permite. No contexto da palestra, uma empresa, que procure como alternativa terceirizar TI com soluções de código aberto, pode avaliar fornecedores que tenham a capacidade de selecionar essas tecnologias.

  • Custo

Acho que não preciso me estender neste aspecto…

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terceirizacao_de_ti.txt · Última modificação: 2009/12/15 16:56 por cartola