fotografia → Hugin - Combinando exposições |
O hugin é um software feito para a criação de fotos panorâmicas. Ele, porém, é capaz de fazer a fusão ou combinação de exposições (como prefira chamar). Você pode tirar várias fotos, uma com exposição média, uma mais clara e uma mais escura e então combiná-las numa única foto, fazendo com que tanto as áreas escuras como as áreas claras da imagem tenham detalhes visíveis.
Isso é particularmente útil em cenas de muito contraste onde uma única foto só mostraria bem os detalhes da área clara ou da área escura. Cenas sob o sol ou de dentro de um ambiente fechado com uma porta ou janela para fora num dia claro são bons exemplos. Veja uma cena sob o sol, com sombra em várias partes:
A imagem grande é o resultado final obtido. As três pequenas ao lado foram posteriormente montadas com a imagem final num editor de imagens (o GIMP).
Vejam que seria possível variar ainda mais a exposição ou fazer mais fotos com a mesma variação, estendendo o range total coberto no final. Restaram ainda áreas escuras na foto onde não conseguimos ver cores e detalhes. De qualquer forma já deu pra ver o que é possível e, claro, o que você vai fazer depende da sua intenção.
Muitas câmeras DSLR tem uma funcionalidade chamada auto-bracketing que faz isso automaticamente. Você regula o que considera a exposição média e a máquina tira 3 fotos de acordo com a variação de exposição (EV) escolhida.
Independente de se fazer isso manualmente ou automaticamente, com uma DSLR ou uma câmera portátil, é possível combinar depois as imagens.
Se você usou um tripé e fez tudo automaticamente, pode usar a ferramenta enfuse, que pode ser usada na linha de comandos nos sistemas Unix ou Windows e que tem também uma interface gráfica para os usuários de Windows.
Quem fez sem tripé ou acha que ele se mexeu entre regulagens manuais pode usar o hugin. Como o propósito dele não é bem esse, o usuário pode ficar confuso, pois ele faz muito mais que isso. Vou então dar um passo-a-passo pra fazer o alinhamento e a fusão de exposições. Suponho que você conseguirá baixar e instalar o mesmo e que estará com ele aberto e com as fotos no HD.
OU SIGA OS PASSOS ABAIXO:
- Clique no botão “1. Carregar Imagens…”
- Selecione as imagens a serem combinadas
- Dependendo da sua máquina ele vai ou não conseguir ler na foto as informações que precisa. Se não conseguir vai perguntar numa janela o “tipo da lente” a “distância focal” e o “multiplicador”. No nosso caso isso não é tão relevante. Coloque uma lente normal e uma distância focal qualquer. Se não tiver noção bote uns 50 na distância e 1 no multiplicador. Essas informações são importantes para fazer panorâmicas completas, aqui são irrelevantes.
- Clique em “2. Alinhar…”
- Ao terminar o programa abrirá uma nova janela. É a pré-visualização rápida. O que você vê aí não é o resultado que obteremos ao final deste processo.
- Feche a janela de pré-visualização
- Vá na aba “Montador”
- Clique no botão “Calcular tamanho ótimo”
- Em “Resultados do panorama” marque “Fusão de exposição das pilhas”
- Desmarque “Correção de exposição, baixa faixa dinâmica”
- Se quiser mude o formato de saída. O mais comum é o JPG e é possível escolher a qualidade. Os 90 definidos por padrão são ok.
- Clique então lá embaixo à direita em “Montar!”
- O programa te pedirá um nome de arquivo para salvar o projeto
- Em seguida pedirá o nome da imagem a ser gerada
Depois disso o programa vai ficar trabalhando um tempinho até dar fechar uma janela de execução, mantendo uma janela dos processos aberta. É só checar o resultado no disco.
Algumas Dicas
- Se você usar um tripé ou qualquer apoio para a máquina e não precisar alinhar, prefira o Enfuse-gui, pois ali você poderá ajustar/calibrar o resultado da fusão
- Esse processo não faz muito sentido em cenas sem muito contraste. A ideia central é melhorar uma cena onde numa única foto não seja possível mostrar bem tanto os detalhes das áreas claras quanto os das áreas escuras.
- Pra definir quanto variar entre as exposições sugiro alguns caminhos:
- Visual
- Faça algumas fotos variando a exposição e verifique se em pelo menos uma os detalhes das áreas claras estão bons e em pelo menos outra os detalhes das áreas escuras estão bons. Se a diferença entre elas for muito grande selecione também uma ou algumas intermediárias.
- Fotometre o tom médio da cena e varie instintivamente para cima e para baixo. Foi dessa forma que fiz a imagem no topo deste tutorial
- Veja uma área de luminosidade média na cena e fotometre ali
- Varie com ou sem auto-bracketing para mais e para menos. Sugiro uma variação de 2EV para cada sentido.
- Verifique se nas fotos feitas é possível ver os detalhes das áreas claras e escuras
- Fotometrar as áreas de luminosidade distintas
- Para isso sua máquina idealmente deve ter a possibilidade de fotometragem pontual
- Fotometre na área clara
- Fotometre na área escura
- Verifique a diferença de EV entre elas e se é necessário alguma foto intermediária. Sugiro que para diferenças de apenas 2EV pode se usar apenas duas fotos. Em geral quando faço 3 fotos uso auto-bracketing variando entre -2EV, 0EV e +2EV.
Abaixo um exemplo em que fiz a fotometragem assim, sem uso de tripé, usando o processo acima para combinar as exposições. Note como a área clara da primeira foto não apresenta detalhes pois ficou clara demais. Note como a área escura da segunda foto não apresenta detalhes, pois ficou escura demais. É esperado que a imagem final perca algum contraste, o que pode ser melhorado num editor de imagens depois, se desejado. O Enfuse permite ajustes finos que podem melhorar isso, mas no Hugin é difícil fazê-los, o ideal seria usar o Enfuse-gui ou o enfuse na linha de comandos.